Crítica da Barbara Heliodora para ''O Mágico de Oz''

Encenação de primeira linha
 
Era uma vez... "O Mágico de Oz" nasceu em 1900 como uma história para crianças e, apesar de todas as teorias a respeito de mensagens políticas, econômicas e religiosas que lhe têm sido impingidas desde então, tem apenas a estrutura clássica (sempre um pouco moralizante) do conto de fadas, no caso, americano: Dorothy foge de casa para salvar seu Totó de ser morto por ordem de uma vizinha má, bate a cabeça durante um tornado e, inconsciente, tem um sonho ou visão; nele, família, amigos e inimigos aparecem para viver uma série de aventuras, ao fim das quais Dorothy, que sonhava ser feliz em algum ponto depois do arco-íris, aprende que não há lugar como a casa da gente.

A história conquistou plateias de todas as idades como filme, e depois virou o musical que agora chega ao Rio pelas mãos de Claudio Botelho e Charles Moëller. É forçoso admitir que o cinema tem armas mais fortes para visualizar a imaginação, mesmo reconhecendo que no palco há também uma riqueza surpreendente de cenários, figurinos e recursos técnicos no caminho de Dorothy para Oz. A versão das letras é de Claudio Botelho, que como sempre encontra soluções surpreendentes para o que se pensava intraduzível.

A encenação é de primeira linha, com bonitos cenários de Rogério Falcão e figurinos de Fause Haten, completados com o ótimo visagismo de Beto Carramanhos, tudo muito bem iluminado por Paulo Cesar Medeiros. É excepcional a coreografia de Alonso Barros, que varia com a personalidade dos solistas e dos grupos, e muito boas a direção musical e a regência de Marcelo Castro, tudo bem equilibrado pelo design de som de Marcelo Claret. A direção de Charles Moëller é um tanto tímida nas cenas na fazenda, mas segura e boa no sonho.

No grande elenco, o conjunto de apoio se sai bem no canto e na dança. Todos os principais estão menos satisfatórios na fazenda do que no sonho, em que Pierre Baitelli (o Espantalho), Nicola Lama (o Homem de Lata) e Lucio Mauro Filho (o Leão Covarde), junto com Maria Clara Gueiros (a Bruxa Má) se destacam em atuações brilhantes, com Malu Rodrigues (Dorothy) talvez prejudicada por um Totó que não fica perto dela como seria necessário, e Luis Carlos Miele (o Mágico), Bruna Guerin (Glina/tia Em) e André Falcão (Guarda/tio Henry) mais modestos de rendimento. Kostyantyn Biriuk executa bem um papel que não parece ser parte integrante da história.

"O Mágico de Oz" é um belo espetáculo de uma história infantil que, na realização, apresenta também atrativos para os adultos.

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